segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Josefina Novaes e quase 40 anos dedicados à cultura popular

 


Nosso destaque nesta edição é uma mulher forte, a quem pessoalmente, tenho muito carinho e respeito. Uma pessoa comprometida com nossa cultura popular, e que herdou um fardo intenso do Professor, folclorista, fundador da Associação dos Folguedos de Alagoas - ASFOPAL, Ranílson França: Josefina Novaes.

Josefina Maria Medeiros Novaes, formada em Licenciatura em Geografia/ UFAL. Mãe de três rapazes: Luiz, Leonardo, Leopoldo e avó de quatro meninas: Catarina, Lorena, Morena, Helena. 

Há 37 anos começou sua história com a cultura popular de Alagoas, quando em 1986, no mês de julho, foi trabalhar (emprestada pelo SERVEAL, seu órgão de origem) na Secretaria Estadual de Cultura, sendo designada (para sorte dela, como ela gosta de frisar) para a Coordenadoria de Ação Cultural, tendo o Prof. Ranilson, na ocasião,  na Diretoria de Assuntos Culturais e posteriormente assumindo a Coordenadoria.





‘Lá (Secretaria de Cultura) tive o prazer de conhecer a recém criada Associação dos Folguedos Populares de Alagoas/ ASFOPAL (dezembro/1985) que se reunia semanalmente, às quartas- feiras, na sala da Coordenação. Pela ausência da secretária da associação fui convidada para redigir a ata e, de imediato fiquei encantada com a proposta da Associação, com o saber dos mestres (as) dos Folguedos e danças e com a forma respeitosa que o Prof. Ranilson tratava cada um deles, contagiando a todos que ali trabalhavam com a sua paixão pelo folclore, formando assim uma equipe coesa, trabalhando unida e cheia de entusiasmo, durante 18 anos. Faço parte da ASFOPAL há 37 anos, dos quais 26 anos de dedicação integral’.





Você sempre foi tida como braço direito de Ranilson França, tanto que foi a primeira Presidente da Asfopal depois da partida de Ranílson? Como foi esse momento?

Dar continuidade ao legado deixado pelo Ranilson, durante seus anos, foi quase uma obrigação, uma forma de homenagear o seu trabalho e a sua memória, um ato de respeito aos mestres (as), no momento se sentindo órfãos, e aos seus saberes. Seus amigos mais próximos uniram-se  nessa árdua missão tentando amenizar a falta de sua presença física, seguindo seus ensinamentos. Não podemos deixar de destacar os nomes de Gustavo Quintella, Mestre Juvêncio Joaquim, Ivan Barsand, Carmem Lucia Omena, Victória Barbosa, sem o apoio  deles não teria sido possível caminharmos. A todos os mestres ( as) e demais associados, toda a nossa gratidão pela confiança em nós depositadas e a compreensão pelas nossas falhas. A ASFOPAL foi, aos poucos, tornando-se referência no campo da Cultura Popular, em especial, firmando Convênios, realizando e dando continuidade a projetos exitosos, Congressos, Simpósios, debates, conquistando uma voz (cadeira) no Conselho Estadual de Cultura, firmando o propósito da sua criação.

‘Muitas mudanças inevitáveis  aconteceram nesses 37 anos de existência da ASFOPAL, novos presidentes tomaram posse, cada qual com a sua forma de trabalho,  o aparecimento de novas políticas públicas culturais com várias exigências, nem sempre viáveis aos detentores dos saberes populares, novas influências, modismo, aconteceram ao longo de sua trajetória, mas a ASFOPAL segue firme e confiante, forte na defesa dos seus associados. Aos mestres (as) da Cultura Popular de Alagoas, verdadeiros guardiões dessa rica Cultura, todo o nosso respeito, gratidão e admiração por conseguirem, a duras penas, manter vivo os nossos costumes e tradições, em especial os  mestres Juvêncio Joaquim, Manoel Venâncio de Amorim, Verdelinho, Maria do Carmo Barbosa, Augusta Maria da Conceição, Maria Vitória, Maria Flor, Jaime Oliveira, Virgínia Morais, Juvenal Domingos, Juvenal Leonardo.... 

Infelizmente, se um projeto emergencial de preservação  não for considerado, a Identidade Cultural dia Estado de Alagoas está seriamente ameaçada, nossos Folguedos e danças estão desaparecendo ou perdendo a sua essência, suas singulares raízes. Digo, com propriedade, que isso está acontecendo com muita rapidez , com a anuência e ausência dos órgãos competentes . Vamos agir enquanto è tempo , se ainda tivermos tempo.’


Publicada originalmente no Guia Ensaio, em setembro de 2022

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